ESTUDOS SOBRE IGREJA

01


QUE É IGREJA?   (Mt. 16. 18)
Nesse texto, está registrado a grande declaração de Jesus, sobre a igreja. Jesus havia perguntado aos disciplos: "Que dizem os homens ser o filho do homem?" Depois da resposta de Pedro sua pergunta, Jesus declara: "Bem aventurado eis tu Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está no céu. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalescerão contra ela".

Observe que Jesus não disse: "...edificarei a tua igreja..." a sua declaração é: "...Edificarei a minha igreja..." portanto, antes de qualquer coisa, devemos ter em mente, que a Igreja é uma instituição divina, Foi Jesus quem a instituiu, e  a ele pertence. Por isso, "as portas do inferno não prevalecerá contra ela"

1. DEFINIÇÃO DA PALAVRA IGREJA:
A Bíblia apresenta vários nomes, para identificar a Igreja.
1. No velho testamento - O velho testamento emprega duas palavras para designar a igreja, a saber, qahal (ou kahal), derivada de uma raiz, qal (ou kal) obsoleta, significando chamar, edhah, de ya dah, indicar ou encontrar-se ou reunir-se num lugar indicado. Consequentemente vemos ocasionalmente a expressão qehal edhah, isto é, a assembléia da congregação, (Ex.: 12:6; Nm. 14:5; Jr. 26:17). Vê-se que, às vezes, a reunião realizada era uma reunião de representantes do povo (Dt 4:10; 18:6 comp. 5:22, 23; 1 Rs 8:1, 2, 3,5; 2 Cr 5, 2- 6).
Synagoge é a versão usual, quase universal, de edhah na Setuaginta, e é também a versão usual de, qahal no Pentateuco. Nos últimos livros da Bíblia (Velho testamento), porém, qahal é geralmente traduzida por ekklesia. Schuerer afirma que o judaísmo mais recente já indicava a distinção entre synagoge como designativo da congregação de Israel como uma realidade empírica, e ekklesia como o nome da mesma congregação considerada idealmente.
2. No novo testamento - O novo testamento também tem duas palavras, derivadas da Septuaginta, quais sejam ekklesia, de ek e Kaleo, chamar para fora; convocar, e synagoge, de syn e ago, significando reunir-se ou reunir. Synagoge é empregada exclusivamente para denotar, quer as reuniões religiosas dos judeus, quer os edifícios em que eles se reuniam par o culto público, ( Mt 4:23; At. 13:43; Ap 2:9 ; 3:9). O termo Ekklesia, porém, geralmente designa a igreja neotestamentária, embora em uns poucos lugares denote assembléias civis comuns, (At. 19:32, 39,4l). No novo testamento, Jesus foi o primeiro a fazer uso da palavra, e Ele a aplicou ao grupo dos que se reuniram em torno dele, ( Mt 16:18), reconheceram-no publicamente como seu Senhor e aceitaram os princípios do reino de Deus . Mais tarde, como resultado da expansão da igreja, a palavra adquiriu várias significações. Igrejas foram estabelecidas em toda parte; e eram também chamadas Ekklesiai, desde que eram manifestações da Igreja Universal de Cristo.
A) Com muita freqüência a palavra ekklesia designa um círculo de crentes de alguma localidade definida, uma igreja local, independentemente da questão se esses crentes estão reunidos para o culto ou não. Algumas passagens apresentam a idéia de que se acham reunidos, (At. 5:11; 11:26; 1Co 11:18; 14:19, 28,35); enquanto que outras não (Rm). 16:4; 1Co. 16:1; Gl. 1:2; 1Ts. 2:14, etc.
B) Nalguns casos, a palavra denota o que se pode denominar ekklesia doméstica, igreja na casa de alguma pessoa. Ao que parece nos tempos apostólicos, pessoas importantes por sua riqueza ou por outras razões separavam em seus lares um amplo cômodo para o serviço divino. Acham-se exemplos deste uso da palavra em (Rm. 6:23; 1Co. 16:19; Cl. 4:15; Fm. 2).
Finalmente, em seu sentido mais compreensivo, a palavra se refere a todo o corpo de fiéis, quer no céu, quer na terra, que se uniram ou se unirão a Cristo como seu Salvador. Este uso da palavra acha-se principalmente nas cartas de Paulo aos Efésios e aos Colossenses, mais frequentemente na primeira destas (Ef. 1:22; 3:10, 21; 5:23-25 27,32; Cl. 1:18, 24).

2. DOIS SENTIDOS DO TERMO IGREJA NA BIBLIA:
- A Igreja Universal (No sentido geral)
Este termo se refere a todo o povo de Deus. Todos os salvos em Cristo, formam a Igreja. É o “Corpo de Cristo”, é um “Organismo vivo”. Há vários textos que aparece a Igreja no sentido geral (ITm 3.15; Rm 16.23; Mt 16.18)
- A Igreja Local (No sentido restrito)
Este termo se refere a Igreja como uma organização. É a igreja visível. A maioria dos casos em que aparecem a palavra Ekklesia, refere-se a igreja local. Isto é; um grupo de crentes professos, batizados, que se reúnem em determinado lugar, para o culto público, mutua instrução na Palavra de Deus.
a) Há casos em qe esse termo aparece na Bíblia de maneira clara: (At 5.11;8.1; Rm16.1;1Co .2; Hb 0.25: Ap 2.1).
b) Há casos em que este sentido aparece nas Escrituras, de maneira não muito clara, porém implícito, como: (Mt18.17; At 14.23; Rm 6.4; 1 Co 11.16 e etc)

3. COMO SURGIU A IGREJA?
Não há na Bíblia, um texto que mostre a organização da igreja como nós a conhecemos hoje. Cristo mesmo não organizou a Igreja; isto foi trabalho dos apóstolos, após o pentecostes. Todavia, o governo já existia antes. Três pessoas podem constituir uma igreja e administrar as ordenanças. As opiniões divergem quanto a organização.
Fischer, destaca três períodos na vida da Igreja:
1. Pré-natal – Quando a igreja tinha a presença de Jesus corporal de Cristo.
2. Infância – Quando ainda estava vivendo sob a tutela de Cristo, preparando-se para uma vida independente.
3. Maturidade – Quando a Igreja já tem o seu corpo de doutrinas, bem como os seus oficiais e está apta para dirigir-se.
Strong tem opinião diferente. Segundo esse teólogo, a igreja já existia antes do pentecostes, embora não tivesse ainda um sistema organizacional definido. (at. 2.47;19.4)
Dr. Mullins, diz que a igreja é o resultado de um processo, com elementos formais e vitais: O batismo, a ceia e a organização visível eram elementos formais. E a vida regenerada, o culto, e os esforços sociais eram elementos vitais.

Conclusão:
O que temos no Novo testamento, um processo espiritual, construtivo, que vai se desenrolando à nossa vista. Fica bem claro para nós hoje, a Igreja como organismo vivo, o corpo de Cristo, formado por tiodos os salvos em toda parte, e que aguarda a gloriosa volta de Jesus. E a igreja como organização, uma igreja local, visível, formada por pessoas regeneradas, que se reune para adorar ao Senhor.

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02

SECULARIZAÇÃO NA IGREJA
Quando analisamos as cartas enviadas às Sete Igrejas, logo percebemos uma terrível realidade: Satanás luta com todas as suas forças contra o Povo de Deus!
1) Na Igreja de Sardes ele tinha conseguido implantar uma “Sinagoga de Satanás”;
2) Na Igreja de Laodicéia, ele tinha conseguido colocar um tipo de fogo estranho que os deixar mornos, sem calor suficiente e impróprio para o consumo;
3) Na Igreja de Tiatira ele tinha infiltrado, nada menos, do que uma “falsa profetiza”, por nome Jezabel!

Desde sempre o objetivo de Satanás tem sido tornar a Noiva de Cristo semelhante à Igreja de Laodicéia, a fim de que, no último dia, ela venha ser “vomitada” da boca do Senhor! Por isso, cada cristão deve viver em estado de alerta contra todas as investidas do Maligno; mesmo contra aquelas que são extremamente sutis!
Na verdade, uma vez que Satanás sabe que é infrutífero lutar contra a Igreja, ele tem, agora, utilizado outro meio: a amizade! Isso mesmo! Satanás tem oferecido a sua “amizade” a Igreja. E por mais incrível que pareça, não são poucos aqueles que têm retribuído o favor. Para explicar melhor este assunto queremos falar sobre a Secularização da Igreja.

I – O QUE É SECULARIZAÇÃO?
Quando falamos em “secularismo” ou “secularização”, a primeira palavra que nos vem à mente é “século”. Não há nada de errado com isso. O único problema é imaginarmos “século” apenas como uma referência a um período de “cem anos”; mas na verdade, o termo “século” significa muito mais do que isso!
A palavra “século”, conforme atesta o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, também tem o significado de “mundo” e “vida terrena”.
1.O Uso Bíblico do Termo “Século”. É com o sentido de “mundo” e “vida terrena” que a Bíblia, na maioria dos casos, utiliza o termo século. Veja as seguintes referências: Ec.9:6; Mt.12:32; Mc.10:30; I Co.1:20; II Co.4:4; Gl.1:4; Ef.1:21; 6:12; II Tm.4:10; Tt.2:15 e Hb.6:5 (Almeida Corrigida).
Podemos notar nestes versos que “mundo” ou “século”, refere-se a “vida terrena” em contrates com a “vida eterna”. Tais passagens também nos alertam para o perigo de trocarmos aquilo que é por toda eternidade, por coisas que logo se vão. Desta forma podemos definir o secularismo como sendo o amor às coisas terrenas em detrimento das coisas espirituais.
2. A Secularização do Mundo. Uma vez entendido que “secularização” tem haver com “vida terrena” podemos tentar definir o que vem a ser a secularização. Mas antes, vamos voltar novamente ao Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa para ver como ele explica o termo secularismo: “exclusão, rejeição ou indiferença à religião e a ponderações teológicas”. Um outro dicionário, o de Webster, assim define o secularismo: “sistema de doutrinas e práticas que rejeitam qualquer forma de fé religiosa e adoração”.
Nós vivemos, portanto, num mundo secularizado; ou seja, um mundo que valoriza apenas o que pertence a “este século”, a “este mundo” e a “vida terrena”.
A ideologia predominante no mundo de hoje se interessa apenas em buscar a satisfação da humanidade e não demonstra a menor preocupação com as realidades da vida eterna. Para o homem pós-moderno, tudo que existe e importa é a vida terrena.
3. A Secularização da Igreja. Na Bíblia a Igreja é vista sempre como estando em constante oposição ao mundo. Neste caso é importante diferenciar as coisas. Quando falamos de “mundo” nos referimos a “este século” (I Cor. 1.20; II Cor. 4.4; Ef. 6.12); ou seja, aos valores morais e espirituais corrompidos da nossa era.
A Igreja de forma alguma se opõe ao mundo físico, na verdade, ela dever ser a primeira a preservá-lo, mesmo sabendo que pouco tempo resta para que ele venha ser substituído por “novos céus e nova terra”. Cuidar da Terra foi um dos primeiros mandamentos que o Senhor deu ao homem no Jardim do Édem.
A Igreja se opõe ao mundo enquanto entendido como “sistema moral e religioso”.
Todavia, alguns estão se demonstrando cansados com tal luta. Eles desejam um oásis em meio ao deserto da tribulação. Não quererem mais lutar, antes, desejam aproveitar tudo o que o mundo oferece. Então a Igreja abre sua porta para os valores do mundo e se torna “secularizada”, “mundana”.

II – CONSEQUENCIAS DA SECULARIZAÇÃO DA IGREJA
A principio, a secularização parece bastante atraente; mas no fim da história, a Igreja sempre vai sair no prejuízo. E não pode ser diferente: a Igreja é exatamente o oposto do que o mundo quer que ela seja; uma vez que ele estenda a sua mão em amizade ao mundo, ela perde a sua identidade e deixa de ser aquilo a que foi vocacionada a ser: Igreja!
Para identificarmos as conseqüências e prejuízos da secularização da Igreja, podemos traçar um breve histórico de como tais males tem afetado a Igreja do Senhor em épocas diversas.
1. A Secularização na Igreja Primitiva. Os cristãos primitivos eram assolados pelas tentações da vida terrena e muitos deles foram enganados. Podemos ver isso nas cartas enviadas as Sete Igrejas. Os crentes da Igreja de Éfeso, por exemplo, se tornaram tão amantes da vida terrena que acharam não mais precisar do Senhor Jesus. Éfeso era uma Igreja materialmente rica e prospera; mas o amor a riqueza a tornou espiritualmente deficiente a ponto de o Senhor tê-los alertado do perigo que se avizinhava. Quase todas as Igrejas da Ásia enfrentaram problemas semelhantes.
2. A Secularização da Igreja no 3° Século. No Terceiro Século, a Igreja vinha, desde muito tempo, resistindo bravamente as perseguições e investidas do Império Romano. Mas tudo aquilo mudaria com a [suposta] conversão do Imperador Constantino. Quando Constantino se converteu, a Igreja, de perseguida passou a ser a religião oficial do Estado e, agora, ser cristão era uma questão de estar na moda. Os crentes passaram a desfrutar de grandes privilégios e benefícios. Em pouco tempo, nos mostra a história, a Igreja mergulhou numa profunda escuridão espiritual que perdurou por toda a Idade Média. Mais tarde, Deus levantaria homens que despertariam a Igreja de seu sono, culminando na Reforma Protestante.
3. A Secularização da Igreja nos Dias Atuais. Nunca foi tão fácil professar a fé cristã como agora, se comprarmos os nossos dias com outros períodos da História da Igreja. Porém, toda esta facilidade não foi capaz de nos tornar cristãos melhores. De fato, a Igreja de nosso tempo está se secularizando tão, ou mais rapidamente, do que todas as que antecederam.
Uma prova disso está na mensagem que pregamos: hoje, anunciamos um evangelho de facilidades e diluímos verdades eternas em chavões que podem ser encontrados nas palavras de qualquer guru de auto-ajuda disponível no mercado. Hoje, apresentamos aos homens um Deus que tudo faz e nada pede; um Deus submisso e refém do homem soberano, que cansado de pedir, agora pede, exige e determina. Acreditamos em um Salvador, mas damos as costas a um Senhor; desejamos uma salvação, mas relutamos a deixar vida que conduz a ruína – queremos ser salvos; mas queremos permissão para ficar no poço!
Por isso, a Igreja é hoje vista como uma empresa e deve se adequar ao gosto da clientela. Tal atitude só pode nos conduzir a um secularismo cada vez mais evidente, uma vez que a “clientela” é formada de homens inteiramente submissos ao pecado.

III – COMO NOS DEFENDER DA SECULARIZAÇÃO?
Jesus não abandonou as Igrejas da Ásia a sua própria sorte. Nada disso! Ele se fez presente orientando-as a voltarem ao caminho certo. Devemos tomar cuidado ao falar da Igreja de Cristo. Ainda que ela falhe e peque, continua sendo a Noiva do Cordeiro, comprada com Seu precioso sangue. Não é a vontade do Senhor rejeitar sua Igreja, o seu desejo é vê-la restaurada completamente!
Para isso ele tem capacidade seu povo a resistir neste tempo do fim.
1. A Palavra de Deus. Nada mais eficaz contra o engano do que a verdade sendo anunciada “em tempo e fora de tempo” (II Timóteo 4.2). Nas Escrituras Sagradas encontramos qual é a perfeita vontade do Senhor para as nossas vidas. Toda vez que a Igreja despreza ou se descuida da Palavra ela é fatalmente envolvida pela apostasia espiritual.
2. O Espírito Santo. Pertence a Ele o “convencer do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8). Uma Igreja cheia do Espírito é uma Igreja protegida contra o erro. Não que o Espírito seja um amuleto protetor; mas sim, que devemos estar sempre atentos a Sua Voz e Direção, através das Escrituras, para que possamos identificar e resistir as investidas de Satanás.

CONCLUSÃO:
Satanás tentou seduzir as Sete Igrejas e está tentando seduzir a nossa hoje. Mas, o Senhor Jesus Cristo diz que as suas ovelhas “ouvem a sua voz”. Estamos prontos para ouvir a voz de Cristo hoje? Estamos dispostos a rejeitar as ofertas da “vida terrena” na esperança de alcançarmos “bens maiores” no porvir? Esta é a questão a ser respondida por cada um de nós; afinal, não podemos servir a dois Senhores!

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03


O Que é Ser Batista?

INTRODUÇÃO:
Um seminarista disse-me, não faz muito tempo, que é Batista por circunstâncias: ele converteu-se numa Igreja Batista, mas que não tinha nenhuma paixão por ser isto ou aquilo. Um outro disse-me que era Batista porque, nesse sistema, a Igreja pode fazer o que quer e ninguém tem nada com isso, porque as Igrejas Batistas são autônomas. Bem, nota zero para os dois. Esta é a situação de muitos Batistas nos nossos dias.
E então, incomoda-nos a pergunta: Que é ser Batista?

1. Ser Batista é, antes de mais nada, ser crente no Senhor Jesus Cristo - crente porque converteu-se a Jesus, ao arrepender-se de seus pecados e crer nEle como único e suficiente Salvador. Nos dias atuais, em que muita gente procura igrejas para milagres e para "melhorar de vida" (teologia da prosperidade), há muita gente que está numa igreja, mas nunca teve uma experiência de conversão e não tem certeza da sua salvação. Os Batistas, ao longo da história, têm exigido que integrem-se às suas igrejas aquelas pessoas que já se converteram, sendo então batizados "na base do perdão dos pecados" (tradução correta revista da expressão: "para perdão dos pecados", em Atos 2.38). Nesta mesma linha de pensamento, ser Batista é crer que o crente recebe o Espírito Santo quando crê (João 7.37-39; Atos 2.37-47; Ef.1.13-14), ocasião em que é selado no Espírito Santo, o que lhe dá a garantia da salvação (penhor - Ef. 1.13-14; 2 Cor. 1.18-22;5.5). Daí, não existir "Batista Renovado", "Batista Carismático" e outros semelhantes. Batista, é Batista.

2. Ser Batista é ter identidade doutrinária. Os Batistas sempre conservaram suas marcas doutrinárias, eis porque a expressão muito comum entre os historiadores de: "doutrinas distintivas dos Batistas". Antes de tudo, esta marca começa pela aceitação da Bíblia como única regra de fé e prática. Por exemplo: cremos na salvação pela graça somente, sem a ajuda das obras, porque a Bíblia assim o diz (Ef. 2.8-10). E assim por diante. E as práticas dos Batistas, desde a sua liturgia ou modelo de culto, até os aspectos éticos da vida cristã se regulam por ensinos e princípios bíblicos, principalmente do Novo Testamento. Atualmente, nota-se um movimento sorrateiro no sentido de descaracterizar a identidade das denominações. Fala-se muito de "Unidade na diversidade". Isso não existe. Em termos de religião e de vida espiritual, só existe unidade com identidade. A Bíblia faz questão da identidade, a começar pelos nomes dos servos de Deus. Só para citar dois exemplos: Abrão, significava: "pai exaltado" (Gen. 11.27). Mais tarde seu nome foi mudado em razão de uma experiência com Deus, para: Abraão, que significava: "pai de multidão" (Gen. 17.5). O nome: Jacó, significava "suplantador", porque nasceu agarrado ao calcanhar do irmão. Mais tarde, depois da famosa experiência no Vau de Jaboque, seu nome foi mudado para "Israel", que significava "ele luta com Deus". Os crentes primitivos foram identificados como "Cristãos", por causa do seu Mestre. E nós, os Batistas, termo inicialmente pejorativo, temos esta identidade porque sempre lutamos por uma volta ao Novo Testamento, contra as heresias e desvios doutrinários. Esta é a nossa marca registrada.

A partir da Bíblia como única regra de fé e prática, seguem-se outras doutrinas, como: A natureza congregacional, local, autônoma e democrática da Igreja; a separação da Igreja do Estado; a responsabilidade individual ou da suficiência da pessoa, no sentido de poder, ela mesma aproximar-se de Deus (sem precisar de sacerdotes); a liberdade de consciência (e isto influenciou, via Batistas, a Constituição dos Estados Unidos da América do Norte - Roger Williams); O batismo por imersão para pessoas já convertidas e, portanto, contra o chamado batismo infantil, dentre outras.

Aprendendo no Novo Testamento, os Batistas tornaram-se, ao longo da história, um grupo que pratica a cooperação entre igrejas da mesma fé e ordem. Daí, fizeram história na área de missões, através de convenções e juntas missionárias, mas os Batistas nunca entenderam que uma Convenção, com a qual cooperam voluntariamente, é mais importante do que a Igreja local. Infelizmente, com o crescimento dos Batistas em algumas partes do mundo, como nos Estados Unidos e no Brasil, chegamos a um ponto em que as Convenções tornaram-se um foco de poder político e, como resultado, muitas igrejas começaram a esperar por decisões e planejamentos e até definições das Convenções para realizarem seu trabalho. No entanto, não é esse o espírito Batista. Pelo contrário, o trabalho efetuado por organizações denominacionais se fortalece, à proporção em que a Igreja local cresce e realiza o seu trabalho. Quando a Igreja local se enfraquece, as Convenções e instituições denominacionais também se enfraquecem. Quando uma convenção criada pela vontade de Igrejas Batistas começa a ditar as regras para essas igrejas, essa Convenção está prestes a cair e a perder a sua razão de ser.

3. Ser Batista, por outro lado, é respeitar o pensamento alheio, tanto de igrejas da mesma fé e ordem, como de outras igrejas e religiões. O direito de liberdade de consciência e, portanto, de culto, é princípio do qual os Batistas nunca abriram mão, tanto para si como para os outros, uma vez que eles mesmos aprenderam isso pelo seu próprio sofrimento por perseguições que enfrentaram de outros religiosos. No entanto, só se unem para cooperação com aqueles que são doutrinariamente semelhantes. Basta acompanharmos a história de suas "Declarações de Fé" que, diga-se de passagem, não têm nada a ver com os chamados "credos" católicos e de certos grupos protestantes. E quando as doutrinas dos que estavam juntos não "batiam" com as suas declarações de fé, logo havia uma separação natural, pela atração dos que pensavam semelhante em termos doutrinários. Já a própria Palavra de Deus assevera: "Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Amós 3.3).

4. Ser Batista é ser firme e definido nas convicções. Há hoje muita gente que costuma dizer: "Eu congrego com qualquer grupo". Tais pessoas, naturalmente, não sabem o que são e nem para onde vão. Paulo, o apóstolo, dizia: "eu sei em quem tenho crido" (2 Tim. 1.12-14). Batista sempre foi povo de convicções firmes e muitos deles, no passado, foram presos, perseguidos e até morreram por suas convicções. Quem não conhece a maravilhosa história de John Bunyan que, por ser Batista, foi preso, ocasião em que escreveu o livro: O Peregrino?

Como resultado da firmeza e definição dos Batistas, para eles não existe ecumenismo. O ecumenismo tem invadido nossos arraiais e feito uma espécie de "lavagem cerebral" em muitos dos nossos líderes. Mas ecumenismo não existe no Novo Testamento. Aquela linda expressão de Jesus: "Para que todos sejam um como nós", não tem nada a ver com ecumenismo, pois na época não existia nada além do movimento puro, sem heresias, de Jesus. Na verdade, no contexto, Jesus estava se referindo ao seu grupo de apóstolos, por quem orava no momento. Eis porque os Batistas sempre interpretaram a figura da igreja como um corpo (1 Cor 12.13-31), como referindo-se à igreja local e não a uma "Igreja Universal". Até mesmo do ponto-de-vista lógico e prático, seria impossível pensar num corpo com seus membros em diferentes lugares geográficos e contextos doutrinários. O corpo aqui é de cada igreja local, pois o Novo Testamento enfatiza a Igreja local.

5. Ser Batista é crer em Igreja no seu significado neotestámentario. Hoje há uma verdadeira ojeriza ao termo "igreja" por parte de alguns, razão porque estão trocando a palavra "igreja" pela palavra "comunidade". A palavra "igreja", que realmente foi tomada por empréstimo do mundo secular, jamais quer significar "comunidade", mas "congregação". O sentido vem do Velho Testamento (Septuaginta - Velho Testamento em grego), e a palavra grega é a mesma que está no Novo Testamento: "eklesía". Nos dias de Jesus havia um sentido de comunidade implantado pelos Essênios. Eles eram, realmente, uma comunidade. Viviam nos desertos, em grupos isolados, principalmente nas regiões do Mar Morto. Para alguém pertencer ao grupo teria que passar por um tempo de prova e experiência e, sobretudo, teria que trazer para o grupo tudo o que lhe pertencia, inclusive bens imóveis que, daí para a frente, passavam a pertencer ao grupo. Todos viviam juntos sob o comando de um líder e havia regras rígidas para o comportamento no grupo. Os cristãos primitivos quiseram imitar essa comunidade de alguma maneira, mas não deu certo (Atos 4.32-37; 5.1-16). No Novo Testamento, portanto, o sentido de Igreja desenvolveu-se como uma congregação. Mesmo o povo de Israel, quando atravessava o deserto rumo a Canaan, e que vivia de certo modo em comunidade, sob a liderança de Moisés, fazia distinção entre a comunidade do povo e a "eklesía". Ela só existia quando eram tocadas as duas trombetas de prata e o povo se ajuntava diante da "tenda da Congregação" (Num. 10.1-10). Igualmente, nas cidades gregas livres, só havia a "eklesía" quando o arauto convocava a comunidade para ajuntar-se na praça (Atos 19.39). E o povo assim reunido, chamava-se "igreja". Não existe portanto igreja como comunidade. Igreja é congregação e ser batista é crer no sistema de Igrejas do Novo Testamento.

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